
Araponga (Procnias nudicollis)
Por José Luiz Grazia
Nas minhas andanças pelas matas preservadas, sempre ouvi o grito da Araponga, que pode ser facilmente identificado por ser semelhante ao som de um martelo batendo em uma bigorna, porém nunca havia avistado uma delas, só a conhecia por fotos e vídeos, e isso me deixava frustrado, pois desejava muito avistá-la. Três espécies ocorrem no Brasil, a Procnias nudicollis é a espécie que ocorre no sul, no sudeste, e em matas litorâneas da Bahia e de Alagoas, o macho é branco e tem a garganta e as laterais da cabeça esverdeadas, enquanto a fêmea é toda esverdeada (esse esverdeado é a cor oficial relatada, embora eu não consiga enxergar assim, eu particularmente enxergo como azulada no macho).
Em algumas regiões do país ela é chamada de guiraponga, ferreiro ou ferrador, sendo que estes dois últimos nomes deve-se ao fato de que seu grito imita com perfeição o som do trabalho de um ferreiro. Não é comum conseguir avistar essa linda ave, mas ela foi mencionada pelos primeiros naturalistas que visitaram o Brasil nos séculos XVIII e XIX, é considerada “A voz da mata atlântica”, e infelizmente seu estado de conservação é considerado vulnerável devido à caça ilegal por traficantes de aves, e à destruição de seu habitat.
Em novembro de 2014, em uma área do Parque Estadual dos Três Picos, mais precisamente no Vale da Revolta, na cidade de Teresópolis – RJ consegui finalmente registrar essa ave da Ordem passeriforme e da Família cotingidae (Bonaparte, 1849), após “perseguir” o som de sua vocalização, me deslocando na mata na direção em que o som ia se apresentando mais forte, e para minha felicidade, o esforço não foi em vão, lá estava ele, um macho adulto no alto de uma árvore, me possibilitando realizar vários registros fotográficos que me fizeram vivenciar esse momento único.
Alimentam-se de frutas, bagas suculentas e insetos, e costumam utilizar a mesma árvore por muitos anos, para executar seu canto estridente e alto, e com isso atrair várias fêmeas, são eficientes disseminadoras das plantas de cujos frutos se alimentam, devido ao fato de que as sementes ingeridas, não perdem seu poder germinativo quando passam pelo trato digestivo dessas aves.
Quando elegem uma determinada área de uma mata preservada, costumam permanecer ali por toda sua vida, inclusive há relatos de várias gerações habitarem essa mesma área.
Fico feliz em poder compartilhar com todos, as imagens dessa importante ave ameaçada de extinção, e que é um bioindicador da Mata Atlântica, por habitar apenas locais preservados.
Se quiserem realmente algo, assim como eu sempre desejei avistar essa ave, não desistam, pois o maior obstáculo que podemos encontrar é a desistência.
Forte abraço a todos.
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