
Arara-canindé (Ara ararauna)
Por José Luiz Grazia
Amigos do BioNews, hoje trago para vocês outra belíssima ave, a arara-canindé, a mais colorida e mais conhecida do gênero Ara, infelizmente muito apreciada como animal de estimação, conhecida também como arara-de-barriga-amarela, arari, ararai, canindé, arara-amarela ou ainda arara-azul-e-amarela, seus dois pares de dedos opostos lhe conferem grande habilidade para escalar árvores e manipular alimentos.
Conheci a arara-canindé em vida livre, visitando a Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, e recentemente pude vê-la novamente no estado de Goiás, onde é comum vê-las voando por todos os lugares, aos pares geralmente, ou em pequenos grupos, fazendo aquela algazarra característica. Graças á sua vasta distribuição, e população numerosa estimada, é uma espécie que não se encontra em extinção,
porém, devido à destruição do ambiente e o intenso comércio, muitas vezes ilegal, a população vem se declinando gradativamente, é triste saber que caçadores chegam a derrubar árvores com ninhos para terem acesso aos filhotes, para alimentar o comércio ilegal de colecionadores de dentro e fora do país, na Europa, por exemplo, um filhote de arara-canindé pode chegar a custar 4.000 dólares americanos, e o fascínio por essa maravilhosa ave vem desde os primórdios do Brasil colônia, quando era considerada símbolo de riqueza possuir papagaios e araras como animais de estimação, e a facilidade que esse animal tem de imitar a voz humana, a torna mais vulnerável ainda.
Para diversas tribos indígenas, a arara-canindé é muito importante, a tribo Tupi celebrava em canções a sua beleza, outra etnia foi denominada Kanindé em homenagem a um cacique ancestral, que era barulhento e bonito como essas araras, as tribos Urueu-wau-wau e os Ticuna, têm o nome Canindé em seus troncos familiares, entre os Craós, existe um ser lendário que se transformou em arara-canindé e teria formado um dos grandes “perigos da mata”, dois troncos de buriti que lançam chamas, e outra lenda, de origem desconhecida, reza que a arara-canindé seria criação de um ser divino denominado Arara Encantada, que ensinou a todas as tribos as artes da música, da dança, da fala e do saber.
Na natureza, vivem em diversos ambientes, habitando desde florestas tropicais úmidas, até savanas secas. Preferem habitar o estrato arbóreo superior, e locais próximos de água. Voam grandes distâncias e seus gritos podem ser ouvidos antes que se consiga avistá-las, os casais são fiéis, uma vez formados permanecem juntos por toda a vida, que pode chegar a 70 anos em ambiente propício. As aves de rapina são seus principais inimigos, mas tucanos e primatas também são predadores dessa espécie, atacando ninhos para predar filhotes e ovos.
Alimentam-se de sementes e frutos, ainda verdes, de buriti, gabiroba, cajuzinho e iriri, que quando verdes possuem uma toxina, e após a ingestão, procuram locais com argila, pois ingerindo argila, neutralizam o efeito das toxinas.
A arara-canindé é uma ave pscittaciforme da família Psittacidae (Rafinesque, 1815), mede cerca de 80 cm, de coloração azul no dorso, amarela na parte inferior da face, passando pelo ventre e indo até o rabo, garganta negra, cabeça com área nua com listras pretas.
Como seria bom se pudéssemos ver menos araras-canindé em cativeiro, e mais delas voando livres por aí. Confiram algumas fotos que fiz nos estados mencionados acima, curti muito fazê-las e espero que apreciem.
Forte abraço a todos.
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